Eleições 2014 – Dilma, Padilha ou Haddad – a “guerra dos postes” de Lula

Em época de eleição é de extrema importância que todos acompanhem com atenção a movimentação dos candidatos. Para contribuir com esse processo democrático,  reproduzimos a seguir trechos de excelente coluna publicada pela revista Época.

No PT em crise, Haddad culpa Dilma, Padilha culpa Haddad e Dilma culpa Padilha e Haddad. É possível que todos acabem no chão

(Por Alberto Bombig – Revista Época)

Na semana passada, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), externou para mais de um interlocutor uma dúvida que não lhe sai da cabeça: se Marina Silva vencer a eleição presidencial, como será o tratamento dela para com a prefeitura da capital paulista? A pergunta, formulada por um dos quadros mais importantes do PT no Brasil, revela o estado de apreensão e angústias que tomou conta do partido em relação ao futuro.

Pela primeira vez em 12 anos, o projeto petista de poder está eleitoralmente ameaçado por um fenômeno chamado Marina Silva (PSB), a ex-petista que lidera as pesquisas de intenção de voto empatada com a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição – e aparece à frente de Dilma em todas as simulações de segundo turno.

O desempenho de Marina mudou o roteiro de um filme de final previsível – a permanência do PT no poder. A possibilidade de perder a caneta no plano federal fez com que aflorassem ódios há muito reprimidos. Por causa disso, em vez da superprodução com cara de reprise, entra em cena uma série de TV cheia de emoções fortes. Seu título, parafraseando A Guerra dos Tronos, poderia ser “A Guerra dos Postes”.

Em São Paulo, onde Dilma vai mal nas pesquisas, o candidato do PT ao governo do Estado, Alexandre Padilha, acusa reservadamente Haddad de boicotá-lo de olho em eleições futuras. Haddad culpa Dilma nos bastidores pela péssima avaliação de sua gestão e já ensaia uma aproximação com o grupo de Marina. O time de Dilma, preocupado com a reeleição, culpa Padilha, que tem apenas 7% das intenções de voto, e também Haddad pelo fraco desempenho dela em solo paulista. Dilma que acusa Padilha que acusa Haddad que acusa Dilma: eis o argumento de “A Guerra dos Postes”.

Em comum entre os postes que brigam, apenas uma certeza: o fenômeno Marina avança com uma motosserra na mão para cima deles. No roteiro prévio escrito pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma, Haddad e Padilha – os “postes” sem experiência política ungidos por ele para vencer eleições importantes – representariam a permanência do PT no poder. Tudo caminhava conforme o previsto até junho de 2013, quando multidões tomaram as ruas em protestos contra os políticos – entre eles, Dilma e Haddad. A avaliação positiva dos governos de ambos despencou. O desgaste encontrou em Marina Silva uma porta-voz do que ela própria chama de “nova política”.

Nas campanhas de Dilma e Marina cresce, a cada dia, a convicção de que Lula terá uma participação discreta: gravará programas, participará de eventos e carreatas, dará as declarações de praxe e só. Ele está desgostoso com os rumos da campanha de Dilma e seduzido pela proposta de Marina de, uma vez eleita, não concorrer a um novo mandato. Lula criou os postes – mas, se houver um desabamento coletivo, não quer cair abraçado a eles.

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